Como surgiu o meia ponta?

O filme O Curioso Caso de Benjamin Button foi lançado em janeiro de 2009. Nele, há uma bailarina, interpretada pela maravilhosa Cate Blanchett. Eu gostaria de dizer que meu início no ballet se deu em função da influência de bailarinas “reais”, porém, foi a ruiva Daisy que mexeu com sonhos adormecidos dentro de mim.

Em 2009, pouco se ouvia falar sobre o termo “ballet adulto”. A primeira reportagem que li a respeito trazia a atriz Alinne Moraes vestida de bailarina na capa da revista de domingo do jornal O GLOBO. Eu, que sempre sonhei com o ballet clássico, mas descobri tardiamente essa paixão, fui imediatamente tocada pela foto. “Que ousado! É possível!” – pensei. Esse é apenas mais um exemplo da importância da identificação e da disseminação do conteúdo relacionado ao ballet adulto. E é por isso que sigo falando, sigo compartilhando esse universo na internet, a fim de torná-lo real, tornar o sonho possível para quem ainda não teve coragem de começar, seja por vergonha, preconceito, insegurança ou simplesmente falta de informação.

meia-ponta-carol-lancellotiVoltando a 2009, resolvi então criar um blog, que foi o segundo blog sobre ballet adulto do Brasil. Eu sempre fui muito conectada e já era familiarizada com o universo dos blogs de moda – pois trabalhava diretamente com diversas blogueiras pioneiras da época – e sempre amei escrever. Logo, foi natural começar a dividir as minhas experiências com o ballet clássico. Para mim, esse é o lado positivo da internet: encontrar sua própria tribo e compartilhar suas paixões. Assim, um tanto desajeitada, ansiosa e algumas vezes perdida (porém, sempre sincera), fui registrando em palavras e imagens a minha jornada, até chegar no YouTube, em 2015 e logo depois, no Instagram.

Encontrei na fotografia e no audiovisual, assim como muitos comunicadores e criadores de conteúdo da minha geração, o meio ideal para seguir dividindo as minhas experiências dentro de sala de aula, na vida e nos palcos. Hoje, o meia ponta é uma multiplataforma digital e física, que proporciona experiências como workshops e até viagens em grupo para fora do Brasil. Seu maior alcance é no Instagram, onde acontece muita troca sobre o universo do ballet adulto, do ballet clássico tradicional e do papel da mulher no ballet clássico nos tempos em que vivemos. Falo de menstruação, empoderamento feminino, autoestima, astrologia e muito mais! Inclusive, do meia ponta surgiu uma comunidade de bailarinas para falar sobre o Sagrado Feminino, a Irmandade Bailarinas da Lua. Nesses mais de 11 anos, o meia ponta também abriu portas para outros projetos e empreendimentos, como o conglomerado de marcas e agência criativa mp b r a n d s e a revista Aurora.

Dançar é uma provação diária, um frio na barriga que não troco por nada. O ballet é uma aventura, das mais emocionantes e gratificantes. O que você está esperando para começar? Vem comigo!